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PF apura doação política do PanAmericano



Instituição abriu inquérito para investigar suspeita de esquema de doações do banco a campanhas do PT e do PSDB

Ex-diretor financeiro Wilson de Aro e ex-diretor de crédito Adalberto Saviolli já foram indiciados 


FLÁVIO FERREIRA
JULIO WIZIACK
TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO 

A Polícia Federal decidiu abrir inquérito só para apurar as suspeitas de uso de caixa dois pelo PanAmericano para doações a campanhas políticas do PT.
O novo inquérito foi autorizado pelo juiz Douglas Camarinha, da 6ª Vara Criminal da Justiça Federal. Camarinha também autorizou outro desmembramento do inquérito para investigar a suspeita de corrupção no Estado de Alagoas e o uso do dinheiro do PanAmericano em campanhas do PSDB.
Os inquéritos sobre crime financeiro e sobre supostas doações ao PT serão conduzidos pela PF em São Paulo. O outro inquérito vai para a PF de Alagoas.
O Ministério Público Federal em São Paulo chegou a pedir a Camarinha que os dois novos inquéritos fossem para a Procuradoria-Geral da República, em Brasília, pelo suposto envolvimento de políticos. O inquérito original, que está em fase final, continuará investigando os crimes financeiros que teriam sido cometidos pelos executivos do banco.

INDICIAMENTO
Quase um ano após o estouro do escândalo do PanAmericano, a PF já indiciou dois executivos -Wilson Roberto de Aro, ex-diretor financeiro, e Adalberto Saviolli, ex-diretor de crédito- por crimes contra o sistema financeiro, incluindo lavagem de dinheiro, no caso de De Aro.
Saviolli foi acusado de "maquiar" a classificação de risco dos devedores para melhorar o resultado do banco. Ontem, também foi indiciado o mecânico Alexandre Toros, suspeito de ter sido "laranja" de Rafael Palladino, ex-presidente do banco, em operações financeiras.
O escândalo do PanAmericano estourou em novembro de 2010, quando Silvio Santos obteve empréstimo de R$ 2,5 bilhões do FGC (Fundo Garantidor de Créditos) para impedir sua liquidação. Depois, o rombo aumentou para R$ 4,3 bilhões.
O PanAmericano vendia suas carteiras de crédito para outras instituições e não lançava em sua contabilidade, inflando o balanço. O banco chegou a vender a mesma carteira para mais de uma instituição. A Caixa comprou 49% do PanAmericano e o BTG Pactual é o atual controlador.

OUTRO LADO
Apontado como o "cérebro" do esquema que levou o banco ao rombo, De Aro não se manifestou. Seu advogado, Luiz Fernando Pacheco, confirmou o indiciamento.
O advogado de Saviolli, Adriano Salles Vanni, informou que o executivo disse à PF ter questionado a cúpula do banco sobre a fraude. Mas, segundo ele, foi forçado a mantê-la. "Ele queria entregar o esquema desde que o caso estourou", diz Vanni. "Insisti, com várias petições, para que a PF o ouvisse, mas ele só depôs no final. Ele se sente injustiçado", disse.
A advogada de Palladino, Maria Elizabeth Queijo, diz que irá "comprovar a sua inocência" e que ele jamais foi ouvido pela PF.

 

 
Fonte: Folha de S.Paulo

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