03 de
outubro de 2013 | 2h 12
Executivos da empresa estão em busca de
investidores especializados em financiar processos de recuperação de companhias
à beira da falência; com dinheiro, companhia pretende desenvolver campo de
Tubarão Martelo
IRANY
TEREZA - O Estado de S.Paulo
RIO -
Investidores especializados em financiar processos de recuperação de companhias
à beira da falência são o alvo da OGX para tentar, ainda este ano, submergir do
abismo em que se encontra. Na próxima semana, integrantes da cúpula da
companhia de Eike Batista retornam a Nova York para mais uma rodada com
eventuais interessados. Na semana passada, as conversas nos Estados Unidos
envolveram cinco representantes de empresas do tipo, como fundos de private
equity.
A eles a
companhia de Eike oferece parceria em troca de lotes de capital que possam
acumular o montante de US$ 400 milhões, mínimo necessário para o
desenvolvimento do campo de Tubarão Martelo, última aposta de produção do
grupo. Parece missão impossível. Mas na mesa os executivos expõem as garantias
do processo de recuperação judicial, que será protocolado nas próximas semanas
e deve assegurar uma porta de saída a eventuais novos investidores.
Na semana
que vem, também fará parte do arsenal de convencimento o relatório que a
consultoria DeGolyer and MacNaughton, líder mundial em avaliação de reservas de
petróleo, deve liberar até amanhã, com as novas estimativas para Tubarão Martelo.
Certamente
serão números bem mais modestos do que os da época da declaração de
comercialidade, em abril de 2012, quando a OGX estimou em 285 milhões de barris
o volume de óleo recuperável no campo. Mais do que o dobro dos 110 milhões de
barris previstos para Tubarão Azul, cujo fiasco de produção deu início à
derrocada das empresas de Eike.
A
expectativa é de que o relatório da D&M corresponda a algo em torno de um
terço do que foi alardeado pela OGX há um ano e meio para o tamanho do
reservatório. Mesmo assim, segundo fonte ouvida pelo Broadcast, serviço em temo
real da Agência Estado, a equipe técnica envolvida nas negociações ainda mantém
uma probabilidade de manter o cálculo de curva de produção que garanta a
extração de 30 mil barris por dia no período de dez anos, o que contribuiria
como atrativo para esses investidores especializados em ativos
pré-falimentares, os chamados investidores "abutres".
Última
alternativa. Estes
fundos estão sendo vistos como a tábua de salvação da OGX, já que a possibilidade
de trazer recursos novos dos investidores que compraram os bônus (bondholders)
emitidos pela OGX é mais do que remota. Os bondholders estão, aos poucos, sendo
convencidos do processo de transformar seus créditos em ações da companhia, mas
não há qualquer esperança de que aportem mais dinheiro na empresa.
O
problema é que a empresa já trabalha, segundo fontes, com o cálculo de que em
torno de 70% dos bônus estejam em mãos de investidores de curto prazo. Em
negócios desse tipo faz sentido comprar o papel a R$ 0,17 para sair ao nível
atual da cotação, entre R$ 0,23 e R$ 0,25.
Os
esforços do processo de reestruturação estarão concentrados na produção de
Tubarão Martelo, uma tarefa difícil, diante do pouco tempo disponível para a
reversão do quadro atual.
Pelos
cálculos do grupo de Eike, segundo apurou o Estado, a entrada em
produção do campo, localizado na Bacia de Campos - e que mantém a intenção de
entrar em atividade no último trimestre - poderia ter o reflexo imediato de
elevar em duas vezes e meia o valor da empresa. A reestruturação está calcada
neste fôlego, já que hoje a companhia acumula dívidas de US$ 3,6 bilhões e não
chega a valer US$ 2,5 bilhões.
Ontem, em
entrevista à agência de notícias Bloomberg, o banqueiro André Esteves, do BTG
Pactual, que iniciou a reestruturação do grupo X em março desde ano, disse que
o processo já entrou em sua "etapa final".
Calote. As perdas implícitas nas
cotações dos bônus da OGX superam a montante total dos prejuízos registrados
com bônus externos não pagos por empresas norte-americanas de alto retorno,
segundo estudo da Fitch Ratings. A agência diz ainda que o potencial calote da
OGX e da norte-americana Energy Future Holdings (EFH) devem adicionar US$ 20
bilhões aos cálculos sobre calotes de empresas de elevado retorno (high yield)
norte-americanas deste ano e elevar para 3,5% a taxa de calotes em 12 meses.
A agência
de classificação de risco destacou que a EFH está próxima à falência e a OGX
encontra-se em período de carência de 30 dias pelo descumprimento, anteontem,
do pagamento de juro de um de seus bônus externos. A falência da EFH deverá ser
a quinta maior já registrada de uma empresa não financeira. Em perspectiva, as
perdas registradas por todas as companhias, que já concretizaram calote no
acumulado de janeiro a setembro deste ano, estavam em US$ 2,2 bilhões.
Os
calotes recentes incluem o da Rural Metro, Green Field Energy, Lone Pine
Resources and FriendFinder Networks. Os quatro casos levaram o total de bônus
não pagos pelo valor de face ao montante de US$ 12,7 bilhões em 2013, ante US$
13,4 bilhões no mesmo período de 2012. / COLABOROU CYNTHIA DECLOEDT
Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,eike-batista-recorre-a-fundos-abutres-para-tentar-salvar-petroleira-ogx--,1081458,0.htm
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