Adriana Fernandes, Renata Veríssimo e Célia Froufe, da Agência Estado
BRASÍLIA
- O governo vai ampliar a desoneração da folha de salários das empresas para
mais setores da indústria. Fabricantes de máquinas e equipamentos (bens de
capital), autopeças, pneus e têxtil devem ser os próximos beneficiados. A
medida faz parte do "arsenal" de ações que a presidente Dilma
Rousseff pretende lançar para ajudar a indústria e impulsionar a economia.
Esses
quatro setores deixarão de recolher a contribuição patronal dos empregados para
o INSS, o que aliviará o custo das empresas. Em troca, vão pagar um imposto
sobre o faturamento. Segundo uma fonte do governo, as alíquotas desse tributo
serão negociadas por setor e calibradas para dar desoneração efetiva à
indústria nacional.
O
governo já começou as simulações. As alíquotas em estudo variam de 1% a 1,5%
sobre o faturamento das empresas. Ainda podem cair as alíquotas para os setores
que fizeram no fim do ano passado a migração da tributação da folha de
pagamento para o faturamento.
O
setor de móveis, que pediu para ser excluído da medida em 2011 e, agora, voltou
a conversar com o governo, também será incluído nessa nova rodada. Na outra
ponta, para tornar mais caras as importações dos mesmos setores, o governo deve
aumentar a Cofins sobre os produtos que vierem do exterior.
Linha branca
Também
está em estudo a possibilidade de prorrogar a redução do Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI) para produtos da linha branca, como geladeiras e fogões.
A manutenção do benefício, que acaba no fim do mês, depende de uma decisão da
presidente Dilma Rousseff.
No
entendimento da equipe econômica a principal defesa - a de evitar a valorização
excessiva do câmbio - já ocorreu com a atuação do governo na semana passada nas
operações de empréstimo externo. O momento agora é o de adotar medidas de
estímulo à economia. O foco é a indústria, sobretudo de manufaturados, que
continua com um mau desempenho.
A
Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit) informou que negocia com o
governo a desoneração da folha e que reivindicou alíquota não superior a 0,8%
sobre o faturamento. No entanto, a fonte do governo afirma que o setor já
concorda 1%.
Desde
dezembro, o setor de tecnologia da informação e comunicação passou a ser taxado
em 2,5% da receita bruta das empresas enquanto calçados e confecções pagam
1,5%. Em troca deixaram de recolher a contribuição patronal para o INSS. As
alíquotas foram calibradas para não haver redução de carga tributária. Agora, o
Ministério da Fazenda quer diminuir de fato a tributação.
A
avaliação é de que a fórmula adotada em 2011 simplifica o pagamento, mas não
ajuda na competitividade dos produtos brasileiros. O setor têxtil, por exemplo,
se recusou a ser incluído no ano passado sob o argumento de que teria aumento
de tributação por ter cadeia produtiva longa.
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